21 março 2008

Batman: Gothic

Argumento: Grant Morrison
Desenho: Klaus Janson

Este é daqueles livros que não são muito fáceis de classificar ou criticar. Grant Morrison é capaz de criar uma história tão bem elaborada que quem a lê fica sempre com a ideia que há sempre alguma coisa que escapa. E de facto isso acontece neste livro. A história é muito boa - vilão misterioso, mortes misteriosas, aparente regresso dos mortos e um ambiente muito negro, em grande parte por causa do traço de Klaus Janson.
Todos estes factores conjugados levam a que seja preciso um pouco de calma para ler esta história, também devido ao argumento ter um sentido um bocado metafórico em detrimento de uma abordagem mais directa. Prova disso é a de que o Homem Morcego nem é o principal lesado pela aparente onda de crime de Mr. Whisper, o homem que fez um pacto com o Diabo há cerca de 300 anos para que pudesse ver a sua esperança de vida aumentada, permitindo-lhe assim escapar a uma praga que tinha afectado uma pequena parte da Áustria, levando todos os seus irmãos da Abadia à morte.
Este homem passou por inúmeras identidades, desde um padre residente na Áustria até ao Director de uma escola privada antiga onde Bruce Wayne havia estudado. Desde o início do seu pacto que Mr. Whisper, Manfred ou Mr. Winchester tem vindo a preparar o seu último golpe para que possa prolongar ainda mais o seu tempo de vida. Esta preparação leva-o a matar crianças indefesas (das quais Bruce poderia ter feito parte), utilizar cadáveres de padres, irmãos seus, para obter de novo o vírus da praga do passado.
A morte dessas tais crianças leva a que um grupo de homens da Máfia de Gotham City tente assassinar este indivíduo, muito por causa das pressões da polícia local. Mas isso foi há 20 anos. Agora, Mr. Whisper voltou para se vingar de cada um dos 5 homens que o tentou assassinar sem sucesso. Um por um...
Morrison é um daqueles argumentistas que pode gerar ódios e amores numa só história. Pelas críticas que li por aí, deparei-me com opiniões um pouco negativas em relação a este conto, devido à sua complexidade que rapidamente se pode tornar em algo incompreensível. Mas não é imediatamente a esta leitura que se percebe toda a trama em redor de Batman: Gothic. É preciso algum tempo para digeri-la e aí sim, apreciá-la ao máximo. Para isso é preciso, como já disse, uma leitura calma e sem pressas para que se possa tirar o máximo proveito. Isto até faz lembrar um pouco o mestre Alan Moore, em que se não houver cuidado na leitura das obras do senhor, metade do que se leu passa ao lado.
Quanto ao desenho de Klaus Janson, percebe-se que a arte envelheceu um bocado mal, mas já se notam algumas aproximações às técnicas utilizadas hoje em dia, como a interpretação mostrada em algumas vinhetas. Também é visível que Janson trabalha muito melhor com artes finais do que no desenho propriamente dito. De qualquer forma não vejo como a arte poderia ficar melhor neste livro. Talvez uma colaboração com Frank Miller pudesse ter sido uma boa aposta, mas talvez ficasse muito idêntico às obras antigas do mesmo (Batman: Year One).

Nota: 9/10

5 comentários:

  1. Não conheço este livro, mas fizeste com que eu tivesse curiosidade de investigar !
    ;-)

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  2. Não sei se vais gostar, mas não perdes nada em experimentar. No Book Depository arranjas barato ;)

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  3. Há muito tempo que ando atrás deste livro, sendo o Asilo Arkham um dos meus favoritos de Batman sempre tive curiosidade em ler Gothic.

    Abraço

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  4. Boa análise, Celtic.
    Gostei bastante desse livro. Aconselho.

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