16 abril 2006

Entrevista a Daniel Maia

Aqui está a 3ª entrevista feita em exclusivo para a ÁreaBD! Desta vez a vítima foi o Daniel Maia. Esta entrevista já tinha sido feita há uns quantos meses, mas por motivos de adiamento da inauguração da nova editora do Daniel, só agora pôde ser colocado no ar.
Daniel é Maia nasceu em 1978, em Lisboa, e estudou arte na Fundação Gulbenkian em 1996. Ainda antes, em 1995 tinha ganho o 3º Prémio para Melhor Artista Revelação no FIBDA. Na sua carreira já colobarou com várias editoras como a Wildstorm, Boom! Studios, Platinium Studios, Devir e Vitamina BD.
Também é agora que se prepara para estrear a sua nova Editora, a Arga Warga, no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja.

ÁreaBD!- Como surgiu o teu interesse pela BD?
DM: No útero onde fiquei alojado durante os nove meses de gestação não havia realmente muito com o que ocupar o tempo. Fazer piscinas em líquido amniótico o dia todo, e pouco mais. Por sorte, o hóspede anterior tinha deixado lá ficar algumas revistas a um canto, por sinal de histórias aos quadradinhos, com as quais me entreti. Pode-se dizer portanto, que este interesse pela BD já nasceu comigo... ;>


ÁreaBD!- E com que idade despertou o teu interesse pelo desenho?

DM: Muito sinceramente, não tenho uma resposta definitiva para isso porque, desde que me lembro, desenho. Dizem-me que aos dois, três anos já fazia rabiscos figurativos com a anatomia nos sítios certos, mas eu só tenho algumas memórias de muito cedo, quando já mexia em revistas do Hulk e outras; na altura os livrinhos de BD deviam ficar mais em conta que álbuns infantis, e acho que foi isso que deve ter selado a minha sina.

ÁreaBD!- Desde sempre que pensaste em seguir a carreira de desenhador?
DM: Bem, eu na realidade acho que ainda não me decidi, de facto, a seguir a carreira de desenhador. Caso contrário, já teria aproveitado as várias oportunidades que me têm caído no colo ao longo dos anos. E isto antes mesmo de me ter associado à agência Arts & Comics International! Se me tivesse decidido por seguir carreira nisto então talvez já estaria bem lançado por esta altura...

Acho que o desenho, sendo algo que esteve presente desde que era pequeno e sendo uma parte indissociável de mim não está, como tal, verdadeiramente á mercê de uma escolha. É a “cruz” que carrego...!

No entanto, lembro-me de certa vez – vá-se lá saber porquê – ter decidido deixar a BD de lado. Se calhar estava a testar-me a mim mesmo, mas sei que parei por completo de desenhar e de comprar ou ler BD. E foram os piores seis (…penso) meses da minha vida – pareceram 6 anos!

ÁreaBD!- Como começou a tua carreira?
DM: Começou em 1993, quando colaborei no jornal produzido no meu liceu, com um suplemento de BD. A tiragem era apreciável, o pagamento apenas simbólico e os trabalhos que fiz um desastre, mas foi um começo... Deu para perceber como se funcionava a nível de bastidores e também serviu para ganhar alguma notoriedade; e não me refiro aos desenhos, mas ao facto de ter feito histórias interventivas sobre a administração do liceu. Deixo à vossa imaginação as consequências da ousadia…

Por essa altura comecei também a ser procurado pela câmara municipal para lhes fazer trabalhos gráficos, fazendo simultaneamente de ilustrador e preparador de offset (isto, antes do advento da impressão digital). E de resto, no meio profissionalizado da banda desenhada, estritamente falando, tudo começou dois anos mais tarde quando ganhei um concurso de BD na revista Crash! Supostamente ia ser publicada uma história minha no #3 desta, mas a revista foi descontinuada a partir do #2.

ÁreaBD!- Já agora, houve algum autor em especial que te serviu de inspiração para as tuas primeiras criações?
DM: Bem, eu sempre tive alguma versatilidade em termos de traço, e sempre fui muito “esponja” no que toca a absorver estilos de outros autores. É uma fase natural na criação de uma linguagem gráfica, mas muito acentuada em mim dado muitas vezes o fazer sem me aperceber. E, visto os meus gostos estéticos serem muito diversificados, fui sempre saltando de registo em registo (com resultados variáveis), pelo que não consigo apontar uma referência em especial. As minhas inspirações foram sempre muito cíclicas.

Mas sempre gostei em particular da “escola” de estilo do Kevin Nowlan e afins. Esse é talvez o autor que posso citar como sendo a minha inspiração mais constante, e aquela que mais revejo nos meus trabalhos.

ÁreaBD!- Qual foi o teu primeiro trabalho em conjunto com uma editora?
DM: Em relação ao mercado norte-americano? Já tive convites que, por razões várias, não deram em nada, pelo que a primeira colaboração foi – e continua a ser – o Guilty, com o Steven Grant. É um álbum extenso, que sofreu um retrocesso quando a primeira fornada de pranchas foi roubada, mas fora isso tem sido formidável o contacto com o Steven. Ele tem uma inteligência acima da média e é alguém que procura projectos fora da norma, com subtextos. Quando troco ideias com ele, sinto-me um padawan junto de um mestre Jedi ;)

Também tive a oportunidade de colaborar com o Mark Waid no ano passado, numa BD para a antologia Zombie Tales. A ocasião apareceu porque o desenhador original tinha desertado, forçando-me a pegar no trabalho a uma semana do deadline(!). Ainda terminei a maioria das páginas mas entretanto um outro autor entregou primeiro. A forma de trabalhar do Mark é muito descomprometida e informal, e até com algum sentido de humor na maneira como comunica contigo nos guiões. O sotaque dele é do mais americanóide possível!

Cheguei também a ter contacto com outros argumentistas, do Garth Ennis ao próprio Jim Lee, e estive também, por mais do que uma vez, para trabalhar indirectamente com o Alan Moore; e ainda estou, num dos trabalhos que “sobreviveram”. Como já não é segredo para ninguém, o homem é descritivo que se farta.

ÁreaBD!- Passando agora aos teus gostos pessoais, qual é a tua personagem de BD preferida?
DM: Não acho que seja tanto o personagem, mas mais o que se faz com ele que me atrai. Pessoalmente, há já alguns anos que dou por mim a seguir mais projectos ou certos autores do que necessariamente personagens; em especial projectos bem escritos, visto que não sinto necessidade de me manter a par dos trabalhos dos desenhadores para aperfeiçoar o meu próprio. Nisto, provavelmente por ser alvo das melhores abordagens, e pela mão de diversos dos melhores profissionais no negócio, talvez o Batman seja um preferido. Mas existem outros de que sempre gostei, e vão do Flash Gordon ao Daredevil e Punisher, etc.

ÁreaBD!- E quais são os teus artistas predilectos?
DM: Pois... Tendo em mente aquela questão da “esponja” de há pouco, é-me difícil apontar alguém em especial porque quase todos já me foram, numa altura ou outra, preferidos. Sou um bocado purista, pelo que prezo principalmente bons desenhadores de preto-e-branco. Talvez por isso Kevin Nowlan e Mike Mignola sejam definitivos, Sérgio Toppi e Battaglia também, muitos dos mestres argentinos, mas também artistas da nova tendência “widescreen” como Brian Hitch, não esquecendo o Ivan Reis (com a excelente arte-final do grande Marcelo Campos) com quem tenho a honra de partilhar agência. E há muitos mais que podia citar...

ÁreaBD!- Os comics são mesmo o teu género preferido?

DM: Não necessariamente. Felizmente sou muito variado nas minhas leituras, e tenho sempre um livro em prosa na mesa-de-cabeceira. Antes de mais, adquiro demasiado para o pouco tempo que tenho para ler, e depois, as compras mensais podem ir do comic mais popular do momento aos mais alternativos álbuns independentes. É importante alargarmos o nosso espectro de leitura e horizontes, e não nos centrarmos num só sector do que está disponível. Só tenho pouca paciência para Mangá, dos quais me comecei a afastar precisamente na altura em que começaram a entrar na moda, há alguns anos. Hoje em dia leio só uma obra ou outra, pontualmente.

ÁreaBD!- É neste momento que tencionas criar uma editora. Pão-de-Law será o primeiro projecto?
DM: Por “default”, sim. Na realidade, as minhas intenções para a editora passam por novelas gráficas, ou álbuns se quiserem, bem longe do género super-heróico em que a ´Pão se insere. Mas vou começar por ela porque é algo que está na lista de afazeres há algum tempo e é um tipo de material que actualmente me dá gozo desenhar. Pareceu-me mais razoável começar por algo já desenvolvido e que aliás tinha prometido concluir.

ÁreaBD!- Quando é que poderemos ver a revista nas bancas?
DM: Nas bancas, nunca. Em livrarias especializadas, só lá para Maio, dependendo de haverem ou não muitas sobras após o lançamento em Abril (no 2º Festival Internacional de BD/ Beja).

Falo em sobras porque a revista pretende ser um género de preview para o primeiro álbum da heroína, pelo que vai ser produzida essencialmente como uma edição comemorativa. Vai ter uma tiragem limitada e numerada, e portanto talvez até nem faça muito sentido comercializá-la em lojas. Só a vou disponibilizar ao público em geral porque pode haver quem não tenha como ir a Beja para a comprar.

ÁreaBD!- Essencialmente, que tipo de aventuras vamos poder acompanhar?
DM: A Pão-de-Law vai ser o meu escape. É um mundo futurista ao género de Metropolis (de Fritz Lang, não o de Superman) onde, dada a premissa meio alucinada da série, qualquer ideia é válida. Podem acontecer qualquer tipo de histórias, desde situações mais cómicas a aventuras mais complexas, com viagens no tempo-espaço, ou só mega-conflitos de heróis versus vilões. O truque é que tudo isto tem lugar no solo e contexto nacional.

Mas como não tenho o hábito de fazer as coisas sem propósitos, actualmente a minha missão é passar o conceito de que esta heroína desajustada é a única defesa que a metrópole tem, e que por isso a cidade não só está à mercê dos vilões como da própria heroína de serviço. Se conseguir implementar esse status quo, então sim vou ter algo (tanto quanto sei) original com que trabalhar. Depois vou explorar essa situação, havendo espaço para a tradicional história da origem (que há-de ser tudo menos tradicional) enquanto crio os alicerces para um conjunto de BDs de uma visão muito própria ao “mundo dos super-heróis”.

ÁreaBD!- Irás divulgá-la (a editora) de que forma? Através de algum evento especial?
DM: Não por ora. Esta revista vai basicamente ser a proverbial pedra de toque, o instrumento com que vou entrar no sector e procurar sondar e entender as circunstâncias inerentes ao negócio; e isto, sem que tenha de colocar muito capital em risco. È, essencialmente, um teste ao piso, antes de me fazer à pista, passo a expressão. Não é a forma mais clamorosa de começar um projecto que quero de fasquia alta, mas nem o mercado nem as bolsas estão para saltos no escuro... Portanto, respondendo à pergunta, de momento não tenho nada de especial planeado para a estreia da editora, à excepção da edição desta revista e do seu anuncio oficial. Mas quando o 1º volume for lançado, então sim vou pensar num evento mais cerimonial para a ocasião.

ÁreaBD!- Futuramente, a tua editora irá disponibilizar mais títulos?
DM: Já tenho pensados quais poderão ser os próximos seis. Vai levar algum tempo até conseguir pô-los a todos cá fora, dado a cadência de edições ser ao ritmo de uma por ano – e isso admitindo que há possibilidades de manter a editora – mas se Budha quiser, hei-de ir paulatinamente concluindo um projecto atrás do outro.

Os volumes da Cavalinho Atómico, a divisão de registo super-heróico da editora, irão ser preenchidos totalmente pela Pão-de-Law por ora, o que não significa que não possa lá mais para a frente fazer um álbum dentro desse género que nada tenha a ver com o universo dela. Já o catálogo principal vai rondar temas de horror vitoriano e de ficção-científica. De momento já consegui autorização para adaptar duas das minhas obras preferidas nessas matérias (em ambos os casos, clássicas).

ÁreaBD!- Vais continuar a colaborar noutros projectos sem serem os teus?
DM: Sim, claro. A Arga Warga é um investimento privado, para ser levado paralelamente a todos os outros projectos que tenho em mãos. Mas há muito mais no prelo que não só os projectos da editora. Por exemplo, neste momento lancei uma iniciativa que queria fazer há algum tempo, o projecto All*Girlz, que irá provavelmente ter algum parceiro na sua produção, e enquanto editor, estou filiado no projecto da revista Blazt, para a qual vou promover e coordenar a produção de conteúdos através da minha editora. Tudo isto vai ao encontro do meu interesse em puxar pela introdução de novos talentos no panorama nacional.

E depois, gosto de poder colaborar em antologias sempre que tenho oportunidade e tenho compromissos assumidos junto de editoras norte-americanas também. Este último, mais que qualquer outro, é o que vai definir que disponibilidade vou ter para avançar com publicações via Arga Warga.

ÁreaBD!- Por falar no All*Girlz.ine, como é que surgiu a ideia para o criar?
DM: É algo que já vem de trás. Na altura em que participei numa mostra de BD em Almada (Urbe Fiction), em 2004, fiquei agradavelmente surpreendido pela quantidade de novas autoras que participaram nela com boas, ou pelo menos promissoras propostas gráficas e temáticas. Propostas de qualidade que quanto a mim mereciam bastante mais destaque do que estariam a ter.

Quanto mais pensava no assunto mais me ia apercebendo das várias outras autoras que já conhecia no meio e que estavam essencialmente no mesmo patamar das suas evoluções artísticas (ou estéticas, se quisermos) que aquelas outras. Por esta altura também, começaram a fazer-se notar com maior visibilidade os sites especializados portugueses de fãs de Manga, através dos quais se tornava obvio o vasto potencial feminino latente na área.

Atendendo às variadas tendências que estavam a ser tentadas por estas autoras, cuja noção generalizada era de serem parcas consumidoras de BD e uma minoria criativa no sector, achei que poderíamos na realidade estar perante um daqueles momentos mágicos imponderáveis e imprevisíveis que só a espaços se observam nos meios artísticos: O começo (não orquestrado) de todo um Movimento.

Aliás, fosse o nosso mercado mais dinâmico e convidativo, ao invés da velocidade letárgica a que se mexe, e acredito que mais facilmente esta onda seria notada. O All*Girlzine não é mais do que a minha tentativa de auscultar este fenómeno e procurar nutri-lo, visto estarmos seriamente debilitados em suportes que acalentem produções regulares porem curtas, que permitam o exercício dos autores e o contacto dos leitores com estes (como por exemplo ensaiam ser a Sketchbook e a Blazt).
A minha esperança é que este projecto seja o virar da chave e ignição que ponha o motor a funcionar. Para já, a julgar pelo nível de adesão e qualidade dos trabalhos enviados, as perspectivas parecem-me boas!

ÁreaBD!- De que forma estás inserido no projecto Blazt?
DM: Inicialmente fui convidado a agir como promotor de conteúdos da revista, associando ao network de mais indivíduos nas mesmas funções (ie. Ricardo Machado, da Fisga Design, ou Jorge Nesbit da Ar.Co., entre outros…) de que é composto o conselho editorial da revista; no meu caso, por intermédio da minha chancela. Isto basicamente significa que, ao albergue da minha editora, vou estar a instigar e orientar vários novos (ou experimentados) autores que conheço na realização de trabalhos. É algo entusiasmante porque posso facultar meios de publicação a pessoas que, doutro modo, em especial no deficiente mercado que agora temos, dificilmente encontrariam uma plataforma com a exposição e oportunidade de treino que a Blazt oferece. Em termos de evolução autoral, é mais proveitoso produzirem-se histórias curtas que grandes e epopeicos álbuns.

Mas entretanto, estando o #2 praticamente com um pé na rua, optámos por reter a sua edição (e distribuição do #1) para darmos uma grande volta ao projecto que como consequência vai estar ausente do mercado por mais alguns meses, mas que posteriormente irá ter montada a infra-estrutura para ser algo realmente internacional, mensal e duradouro. Vamos apresentar este futuro formato da Blazt no decorrer do FIBDB.

ÁreaBD!- E a tua colaboração na Sketchbook foi apenas passageira?
DM: De todo! Continuo a manter contacto próximo com o estúdio e, por exemplo, ainda recentemente fui convidado a intervir como júri no 5º Concurso de Jovens Talentos que o AJCOI promoveu (junto com o autor João Mascarenhas e Ricardo Cardoso, da livraria Nono Império). Além disso, temos o hábito salutar de nos ajudarmos mutuamente, seja em termos de partilha de conhecimentos ou recursos. Uma das autoras que vai estar em destaque na próxima Sketchbook de Junho foi-lhes recrutada por mim, assim como diversas participantes no All*Girlzine vieram-me recomendadas pelo Diogo Valadas.

Acho que temos alguma sintonia nos objectivos dos nossos contributos à banda desenhada portuguesa, pelo que há um certo espírito de equipa. Sinto-me como que um membro honorário do estúdio;) Em termos da revista em si não há nada planeado, excepto talvez uma eventual capa lá mais para a frente.

ÁreaBD!- Finalmente, o que tencionas fazer a nível artístico no futuro?
DM: …Lembrei-me de uma frase do Woddy Allen em que ele diz, “Não acredito em reencarnação, mas pelo sim pelo não, trago sempre uma muda de roupa”. E eu, como ele, vou precisar usar mais do que uma muda de roupa para conseguir completar tudo o que gostava a nível artístico. Costumo dizer a brincar que tenho trabalho até 2010. Mas o mais trágico nem é isso ser verdade, mas o facto de na realidade ter material para desenvolver até bem mais tarde!...

Em primeiro lugar tenho um formidável agente à espera que me livre de compromissos já assumidos para aceitar algo na indústria USA. Existem alguns convites na mesa junto de uma das ´majors, embora nada de concreto para já. Depois, existe a graphic novel que estou a fazer com Steven Grant, que está de novo bem orientado, estando a ser produzido com o intuito de uma posterior adaptação ao cinema. E fora isto, fora trabalhos para a Arga Warga, existem ainda outras colaborações previstas. Em termos de futuro, há mesmo muito a que dar vazão...

ÁreaBD!- Bem, só nos resta agradecer por seres tão simpático em conceder-nos esta entrevista. Desejamos-te boa sorte e esperamos que tenhas um bom futuro no mundo da BD. Boa sorte.

DM: Obrigado eu. Espero não desapontar.

3 comentários:

  1. Gostei da entrevista,muito bem conduzida.

    ABRACOS
    GRIMLOCK

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  2. Obrigado Grim. Agora não se esqueçam de star em Beja, pra verem como é que ficou a Pão de Law!

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  3. Parabens pela entrevista.
    E que venham mais.

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