Caros amigos, venho agora do sono depois de ter estado num campo de batalha do qual a vontade de sair era pouca. É a primeira vez em alguns anos que vejo uma sala de cinema de Setúbal cheia de gente, o que é muito difícil para uma cidade tão pequena quanto esta. Depois de tanto divulgado na TV, este filme supera as minhas expectativas e pelos vistos de todas as pessoas que entraram na sala. É incrível ver como que é que uma realização de tão baixo orçamento, neste caso
70 milhões de dólares, consegue dar um fruto que dificilmente alguém imaginaria.
Já tinha lido a BD, mas não me tinha surpreendido muito com a história. A minha análise mudou um pouco depois de ver o filme. Quando li o comic, fiquei com a ideia de um Leónidas um pouco orgulhoso, casmurro em aceitar o rumo natural da história, teimoso em aceitar o facto de que Xerxes era dominante naquela altura, mas hoje percebi a importância do acto de Leónidas. Os Espartanos eram guerreiros frios e sangrentos que tinham um nome a defender, uma imagem que tinham de preservar a todo custo e acima de tudo tinham deixar a mensagem de que se deve lutar por aquilo que se acredita. Além disso, o legado tão histórico dos Espartanos deveria ser continuado, respeitando assim a memória de um dos seus possíveis antepassado, Hércules. Com este acto de bravura, os Espartano foram uma peça importante para que toda a Grécia olhasse para Xerxes com olhos diferentes e para que o seu reinado pudesse ter os seus dias contados.
Apesar de bárbaros, sanguinários e violentos, os Espartanos eram uma civilização muito característica. Apesar desses adjectivos todos, não posso deixar de sublinhar a nobreza e lealdade que tinham uns para os outros. Cada homem da formação dos 300 Espartanos que partiram para a guerra tinha a obrigação de defender o homem à sua esquerda com o seu, quase que invencível, escudo o que permitia uma táctica inquebrável que se adaptava perfeitamente aos poucos elementos do grupo. Até aí Leónidas pensou, mas é claro que o baixo de número de interveniente Espartanos também tornava a lenda um pouco mais heróica e mostrava como o Espartano normal deveria ser e como deveria agir em tempos de guerra. Os Espartanos eram uma elite, que apesar de constituída por poucos, era boa.
O filme começa com uma parte muito calma, o que me fez pensar que o que eu ia ali fazer, era naverdade ver a malta à batatada, e a partir daí comecei a ficar tenso, mas afinal, aquilo não passava de uma introdução, necessária em qualquer filme. Acompanhamos a evolução de Leónidas na sua ascensão ao trono, desde o seu nascimento até ao seu treino como guerreiro, iniciado desde a sua infância até à juventude, dando-nos a ideia de quão dura era a disciplina naquela época, toda ela necessária à formação de um verdadeiro Espartano.
É então que rapidamente se passa à acção. Um mensageiro de Xerxes chega a Esparta e anuncia que o Rei Divino está prestes a dominar toda a Grécia, mas tal acto teria um custo para todos. No caso de Leónidas, muitos eram os tesouros que lhe eram prometidos, mas havia algo que ele teria de fazer em troca, algo que ele não poderia fazer de forma alguma, não naquela vida, nem em nenhuma – ajoelhar-se perante Xerxes, Rei dos Reis em toda a Grécia.
O mensageiro havia cometido um erro pelo qual ele se arrependeria para toda a eternidade – entrar em Esparta e insultar Leónidas! O rei de Esparta rapidamente acaba com ele com uma frase que eu nunca me vou esquecer neste filme: THIS IS SPARTAAA!!
Tudo isto degenera numa tentativa de Leónidas em ir para a guerra para enfrentar Xerxes pela primeira e última vez, cara a cara, mas tal feito não seria permitido pelo conselho. Léonidas enfrenta-o de qualquer maneira, mas a resposta não é muito convidativa. De qualquer forma, O Rei de Esparta ordena reunir 300 bravos homens das suas fileiras para poder partir com glória. O Conselho tenta de novo impedir, mas em vão. E é nesse seguimento que a esposa de Leónidas, Rainha de Esparta, algo triste pela partida do seu Rei e marido, diz-lhe para ele regressar com o seu escudo a Esparta… ou sobre ele.
E depois acontece a história que esperávamos. A caminho dos Portões do Inferno, os Espartanos avançam sedentos de guerra e com vontade de fazer estragos. Pelo caminho encontram um grupo de guerreiros que pretende juntar-se à causa, para tentar derrubar Xerxes, mas ao verem tão pequeno exército ficam desesperados.
De seguida, o exército de Leónidas e os Arcádios continuam o caminho para a glória, em busca de algo que já ansiavam faz tempo. Acho que a partir de agora, começa aquela parte que nos faz ir ao cinema. As primeiras investidas do exército Persa estão próximas e todos os guerreiros estão confiantes.
Comprem um bilhete o mais rápido possível. Se forem vê-lo este fim-de-semana não se arrependerão. As cenas de guerra são tratadas em computador de uma forma inigualável e as caracterizações estão demasiado fiéis ao comic de Miller, que até dá um arrepio na espinha! Não vos falo mais do filme para não estragar a surpresa, por isso, espero que tenham ficado sedentos de sangue Espartano!
O único erro que tenho a apontar é como Zach Snyder estica a trama, tornando o seu argumento algo secante que me deixou com sede de ver mais luta. Nos momentos mais intensos, Snyder parava com a minha louca euforia e mostrava-nos a Rainha a tentar chamar o Conselho de Esparta à razão, mas sem efeito algum. Gerard Butler é sem dúvida comovente, com todas as suas frases perfeitamente ditas e com um som que faz tremer tanto Espartanos quanto os espectadores. Apetecia-me pôr uma lista de todas elas, mas agora não me dá jeito. Rodrigo Santoro está igualzinho ao Xerxes original. O coitado do homem teve “de tirar todos os pêlos do corpo” para poder encarnar o Rei Divino, e logo aí é um acto de coragem (eheheheh). Mas Santoro parecia o Rei do Carnaval Espartano, isso sim! Tanto a ele como a Butler dou um 8 em 10.
Uma nota final e em jeito de conclusão. O filme é excelente, desde a banda sonora, até ao tratamento de imagem e acabando perfeitamente nos créditos finais, que fazem uma homenagem à obra de Frank Miller de fazer inveja a qualquer pessoa. Os nerds que adoram os seus comics devem ter ficado orgulhosos desta obra-prima, para o cidadão comum deve ter sido mais um filme que entrou para a sua lista. De Zach Snyder, o que eu quero agora é sem dúvida Watchmen, e não tenho dúvidas que a obra de Alan Moore vai ser respeitada ao máximo, a avaliar pelos últimos comentários do jovem realizador.
Mais uma vez digo para ir verem o filme. Não perdem nada, só ficam a ganhar.
TONIGHT WE DINE IN HELL!!!!!!!
Nota: 8/10