O conceito de vida e morte tem sido debatido ao longo dos anos desde que a comunicação existe, reflectida pelas mentes mais pensadoras que existiram ou quem sabe, até pelo homem primitivo, apesar de nem mesmo as personalidades mais brilhantes da humanidade terem alguma vez conseguido explicar devidamente o milagre da vida e o mistério da morte. Tentar entender tudo o que se passou por detrás da criação do homem e dos outros seres vivos acabou por deixar de ser um tema predominantemente científico para se tornar algo mais debatido no campo filosófico pois, não seria o maior problema de O Pensador tentar entender o porquê da sua existência? É claro que os mais audazes sempre tentaram desafiar as leis da natureza ao pensarem poder enganar a morte, mas logo se soube que acontecimentos desses só em ficção. Ainda havia (e há) quem aceite o seu destino acredite na vida após a morte, o tal Afterlife (deviam arranjar uma palavra portuguesa para isto) ou que talvez possa existir a reencarnação. Pois bem, na Marvel não há nada disto. As "regras" estão escritas de outra forma.
Soube há bocado que o Quesada e os amigos fizeram regressar dos mortos mais um velho camarada nosso conhecido. A surpresa nem foi muita, eu pelo menos já estava à espera disto mesmo antes da morte do dito cujo. Só que a cada vez que fazem um back from the dead eu fico inexplicavelmente indignado, até porque na Marvel isto tornou-se o pão nosso de cada dia. Mas este caso é especialmente inquietante, porque a Casa das Ideias estava a gozar de um sucesso inesperado à conta de uma das ideias mais malucas do ano de 2007, cortesia de Ed Brubaker... Já devem estar, então, a ver quem é voltou do caixão. Trata-se precisamente de Steve Rogers, o único e original Capitão América. Único enquanto ícone indubitável do sonho americano, pois enquanto identidade teve um substituto à altura, Bucky Barnes. A troca, que se deu por volta da edição #30 do comic, foi inesperadamente satisfatória, visto que o Bucky estava facilmente a fazer-nos esquecer daqueles anos penosos passados a ler o Capitão (exceptuando os primeiros 25 números da série do Brubaker). E aí sim, quando a qualidade das histórias é alta, sou completamente a favor da renovação das personagens velhinhas da Marvel e da DC, pois um dos grandes defeitos da indústria dos comics (há quem pense o contrário) é precisamente a pobre renovação dos intervenientes das estórias das editoras, ou até a falta dela. Felizmente, apesar de uma forma que se pode dizer inconsistente e pobrezinha, a Marvel lá anda a renovar aos poucos o seu Universo, mas parece que estamos a andar em círculos! Se aparece um discípulo para salvar o dia, ressuscitam imediatamente o mestre para estragar a coisa! Assim não vai resultar... Passem a fazer como no Lost - Dead is Dead!
O regresso vai ter direito a uma mini-série em nome próprio e tudo. Serão 5 números da autoria de Ed Brubaker e Brian Hitch com o simples nome de Reborn (só espero que não faça lembrar a tortura que foi Heroes Reborn...). As condições desse regresso são ainda desconhecidas como é óbvio, mas os editores referiram que este regresso estava a ser planaeado há quase 2 anos e meio, um pouco antes da morte de Steve Rogers ter ocorrido. Foi ainda esclarecido que nesta mini-série os verdadeiros planos do Caveira Vermelha vão ser descobertos.
Aposto que vamos encontrar o Steve numa sala super-secreta com um acesso também ele super-secreto que nem mesmo aqueles que o fecharam lá sabem da sua existência. A morte a que assistimos em Captain America #25 vai ser revelada como uma cabala, o sujeito que morreu era na verdade um sósia que reunia todas as características do verdadeiro Capitão, desde a sua fragância até à altura, peso, número de calçado e até mesmo um dente de ouro que escondia no fundo da sua boca. A imitação era tão perfeita que até os seus amigos mais próximos constataram que quem tinha morrido era mesmo o pobre velho Steve Rogers, mas ao saberem que aquele não era bem quem estavam a pensar, irão reunir-se num acto de fúria e procurar o Caveira numa maxi-série de 12 números intitulada "Os Amigos do Capitão - A Vingança, Parte 1". Sim, porque mais tarde viria a parte 2, sequela do comic mais vendido da década. Tudo isto para que sejamos obrigados a ler todo o trabalho de Brubaker nesta série para que possamos ficar de boca aberta ao ver o quão genial este plano era e que afinal estava tudo planeado desde o início. Genial! Viva a Marvel, sempre na vanguarda do inesperado e do genuíno.