Há uns dias atrás fiquei a saber da existência desta estória através da votação do CBR sobre os painéis mais marcantes dos 70 anos da Marvel. Quando vi a vinheta não identifiquei este pequeno conto, pois não o conhecia mesmo, mas depois vi que um site a tinha escolhido como uma das mais emblemáticas para si. Fiquei curioso, mas a vontade de procurar a dita ainda não era muita, só que depois de ler alguns comentários aqui no blog, nomeadamente do Verbal, decidi que era melhor aproveitar o balanço e lá fui eu. Fiz algum pesquisa por sites conhecidos, outros nem tanto e fiquei a saber que "The Kid Who Collects Spider-Man" figurava em alguns tops das 10 melhores estórias do Aranha, da Wizard Magazine nomeadamente.
Infelizmente tive de recorrer a meios que não se pode dizer que sejam muito legais para ler este clássico, mas ao que sei não há nenhum compilação disponível no mercado que o contenha. Neste caso, pode-se dizer que sou apologista destes meios mais tecnológicos (ainda que ilícitos) para poder conhecer um comic que porventura me poderia agradar e levar a comprar um livro que o contivesse no futuro. E o que é facto é que muitas estórias caíram no limbo do esquecimento o que leva a que a internet seja a única maneira de as conhecer. Já agora, quem estiver interessado em ler isto pode sempre pedir-me.
Roger Stern é quem escreve e revela que o seu objectivo era prestar uma pequena homenagem a Will Eisner, criando uma estória que apelasse à emoção humana que o Mestre tão bem transpunha para o papel. Ron Frenz é quem desenha este conto de 11 páginas que foi originalmente publicado em The Amazing Spider-Man #248, que não pretendia ser nada mais que um filler, já que o evento principal deste número era uma batalha contra o Thunderball, mas os papéis inverteram-se.
A estória centra-se num rapaz de nome Tim Hammond, que foi alvo de uma entrevista por parte do Clarim Diário por ser um acérrimo coleccionador de tudo o que envolvesse o Cabeça de Teia, desde artigos de jornal, revistas, fotos e até um filme perdido que já ninguém se lembrava. Quem leu a entrevista foi o sempre atento Peter Parker e já que a mesma fazia um apelo para que o mesmo visitasse o rapaz, Peter lá fez questão de se deslocar aos seus aposentos. No início, começamos por relembrar os primeiros momentos da vida do Aranha, desde a origem dos seus poderes até à trágica morte dos seu tio, o que torna este momento tão surpreendente devido à cumplicidade que se cria naquele quarto. Quase toda a vida do Teias é dissecada com um miúdo que ele apenas tinha visto nas notícias, mas que provavelmente já sabia mais coisas sobre ele do que o nosso herói se conseguia lembrar. Até aqui pode-se dizer que nada demais aconteceu, o que é verdade, até que Peter Parker acede ao pedido de Tim e tira a sua máscara, revelando a sua identidade secreta a um miúdo que finalmente se apercebera que todas as fotos que coleccionava eram da autoria do seu herói de infância. Esta revelação de identidade tem a sua explicação, já que na página final somos confrontados com uma informação vital que resulta que nem um murro no estômago - Tim está a morrer de leucemia e tem escassas semanas de vida. E aqui é que surge a arte como parte importante na Banda Desenhada - a página final, com o Homem-Aranha a tirar a sua máscara em cima de um muro com uma placa a informar que o quarto onde estávamos era de um hospital para doentes em fase terminal, é divinal e deixa-nos sem palavras.
O twist não transforma esta estória num clássico eterno dos comics americanos, mas o que é facto é que em apenas onze páginas, com 10 delas a contar algo divertido, calmo e alegre, somos atingidos com algo tão emocionante e tocante na última página que nem dá para descrever. Certamente um conto que só deve ser apreciado na sua totalidade pelos fãs mais atentos do Aranha e que apreciem toda a mística da personagem.
À conta disto tudo, lá descobri aquele tal top das 10 melhores estórias do Spidey e fiquei curioso em descobrir algumas delas para poder dar seguimento a uma corrente de posts sobre estes clássicos soltos. Fiquem ligados!