Argumento: Jim ShooterDesenho: Mike Zeck e Bob LaytonDecidi ler este livro mais pela sua característica histórica do que pela a história em si. Afinal este foi o primeiro crossover na história dos comics, ou seja, a primeira mini-série onde vários heróis e vilões se juntaram para que dessem origem a um grande evento de pancadaria. Este livro também me surge numa altura em que os crossovers dominam o mercado norte-americano, como se pode constatar neste e outros anos passados, onde existem logo dois ou três eventos anuais. "Fans vote with their dolars" disse Joe Quesada há uns dias quando questionado por um fã se os mega-eventos da editora não estariam a ser demasiados. E eu não lhe podia dar mais razão.
A única coisa que sabia acerca deste "Guerras Secretas" era que os heróis da Marvel, juntamente com um punhado de vilões, tinham sido transportados para um mundo alienígena. Desconhecia a participação do Beyonder como entidade cósmica causadora deste embate entre titãs, tal como não sabia bem quem figurava na história, portanto, não houve grande trabalho de pesquisa prévio da minha parte.
A premissa deste conto, esclarecida logo de início pelo próprio Beyonder é a de que quem ganhar aos seus inimigos neste batalha (Bem vs. Mal) poderá pedir qualquer coisa em troca. Ao invés de serem criadas apenas duas facções, os heróis e os vilões dividem-se em várias outras por haver uma extrema colisão de ideias. Basicamente, ninguém se entendia.
O ponto alto desta mini-série nem é o facto de quase todo o plantel da Marvel estar incluído ou as inúmeras cenas de luta, mas sim a caracterização das personagens. Esse é para mim o aspecto fulcral. Jim Shooter consegue captar na perfeição a essência de cada personagem, mas especialmente o Dr. Doom. De uma forma não muito óbvia, Shooter mostra que Doom não se tornou apenas naquela carapaça de metal que cobre o seu corpo, mas que ainda no seu subconsciente existe algo de humano dentro de si. Isto pode soar meio cliché, mas a cena nem é aquele típico momento em que o vilão descobre que ainda é humano e faz um acto heróico. Não. Doom fá-lo mesmo inconscientemente, fazendo com que haja um conflito de personalidades, o que torna o trabalho de Shooter ainda melhor.
É claro que este aspecto não salva toda a obra, mas ainda assim para aqueles que gostam de saber mais sobre a Marvel pode ser uma leitura agradável. Se forem daqueles que procuram uma arte boa, não se iludam. Mike Zeck até se safa bem, mas não é nada de extraordinário. O coitado do homem não percebia muito de anatomia humana, especialmente dos pés, mas enfim, para a época não se podia pedir muito. O único Deus da altura era o Senhor Romita.
Nota: 7/10