24 agosto 2009

Joker HC

Volvido aquele estrondoso hype que nunca fez bem a ninguém, decidi finalmente ler esta obra que foi muito elogiada pela crítica e acarinhada pelos fãs, mas que infelizmente não me impressionou tanto quanto esperava.
Brian Azzarello esforçou-se ao máximo para tentar fazer história com esta obra. O que aconteceu não foi apenas a transformação de uma publicação qualquer num clássico, após algumas leituras atentas por parte dos fãs. Esta Graphic Novel já vinha apelidada de "uma das maiores estórias do Joker" mesmo antes de ser lançada e a DC fez-nos crer que dali ia sair a coisa mais magnífica da década, que até ameaçava deixar a Piada Mortal na cova. É claro que a partir daqui antevia-se ou uma estória brutal como nunca tínhamos sonhado ou então era flop na certa. Eu divido-me um pouco por essas duas opções. A estória em si pretende ser mais do que aquilo que é e chega a cair nunca clichê que nunca antes tínhamos visto (eu sei que é uma frase um pouco confusa, mas tem algum sentido). Aliás, a trama nem é nada por aí além - o Joker escapa-se misteriosamente da Arkham e a partir daí começa tentar reaver a sua posição em Gotham City, arrasando por completo aqueles que lhe queriam roubar a fama. Para piorar a situação, a estória é narrada por uma personagem que pouco de interessante tem, o que nos afasta dos pensamentos mais loucos do Joker levando-nos uma análise exterior do mesmo que pouco o nada acrescenta ao negócio.
No entanto, há pormenores que são muito bem 'esgalhados' pelo argumentista e a coisa até que ganha ali um certo clima de tensão pois nunca sabemos qual vai ser a próxima asneira que o louco vai cometer. Infelizmente, estas insanidades não são nada de novo e o que vi aqui foi um pouco de reciclagem de boas coisas que já se tinham feito com a personagem, só que agora com um brilho novo e com um ambiente mais refinado e sombrio. Os diálogos são bem escritos, mas soa tudo demasiado perfeito, demasiado forçado e não há ali uma fluidez que por exemplo se nota na obra de Alan Moore e Brian Bolland e é precisamente aí que quero chegar.
Joker aspirava ser melhor que Piada Mortal. Mas apenas se tornou num remake tosco de Verão. Aliás, só no fim é que se tem a confirmação de que há ali claramente uma referência descarada à última cena do clássico do Mestre, quando o Batman aparece por fim para se confrontar com o Joker e tudo acaba com um sonante "Vai sempre haver um Batman e um Joker", ou uma frase com esse efeito que, tal como na Piada, se refere à eterna questão da existência deste dois inimigos quando já se podiam ter matado um ao outro há tempos atrás. Ah, não me posso esquecer do detalhe mais curioso desta obra, é que o Joker que vemos aqui representado não é o clássico dos comics que estamos habituados a ver, mas sim uma também ela semi-cópia do Joker de Heath Ledger. Tributo ou cópia? Eis a questão.
Ainda assim, é de referir o belissímo desenho de Lee Bermejo, do qual eu já era fã há algum tempo. Os contrastes que faz neste livro entre uma arte super-realista e algo mais soft são esplêndidos e não há nenhuma falha que lhe possa apontar.
Para muitos, Joker já merece um lugar entre os clássicos do Cavaleiro das Trevas, mas para mim não há nada de mais por ali - só páginas bonitas com uma escrita intrigante.

Argumento: Brain Azzarello
Desenho: Lee Bermejo
DC Comics
Nota: 6.5/10

4 comentários:

  1. Ollha Celtic... esse nunca o comprei por ter achado que o Joker era parecido demais com o Joker de Heath Ledger. E isso não me cheirou lá muito bem.
    Mas já o tive para comprar algumas vezes... pode ser que o faça um dia destes, mas estão para sair tantos livros interessantes!

    Abraço

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  2. Eu já li este livro e tal como tu não acho que chegue aos pés da Piada Mortal, embora não tenha desgostado da história. Achei interessante a história ser contada pelo ponto de vista de um aspirante a capanga do Joker e em alguns momentos até senti tipo uma piscadela de olho ao filme do Tim Burton em que o Joker também tinha um capanga favorito que por fim matou somente porque o Joker é o Joker e nada mais interessa do que o que lhe vai na mente louca.
    Por outro lado, as parecenças com o Joker do Heath Ledger... sinceramente não sei dizer porque quando o livro saiu nos EUA, ouvi dizer que já estava pronto muito antes do filme sair. Assim, pode-se também dizer que foi coincidência, ou será que foi marketing? Resta a questão de quem se baseou em quem, afinal...

    Abraço. :)

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  3. Bongop, devias comprar, nem que seja só pela arte. E parece-me que é um tipo de estória que te deve agradar :)

    OCP, por acaso não sabia que o livro já estava preparado muito antes do filme. Sem dúvida que foi uma jogada imponente de marketing.
    Quanto à referência ao filme do Burton... bem sacado! O Azzarello fez aqui, de facto, uma amálgama de coisas que já tínhamos visto o Joker fazer, como já tinha referido na crítica.

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  4. Eu ia começar a frase deste comentário a dizer que este livro merece no mínimo um 7 mas depois reparei que a diferença entre a tua nota e um 7 são 0.5. Curioso no entanto como o 7 se destaca mais é aquela perninha já diziam no gato fedorento.

    Uma coisa que funcionou contra o livro foi mesmo o hype. Era suposto ser a nova piada mortal e claro que não o é. Eu li-o e apesar de ter gostado fiquei com aquela sensação de desilusão. Por isso e agora sem expectativa e sabendo com o que podia contar voltei a ler e sim soube-me bem melhor.

    A arte vale logo por muito e há momentos memoráveis tais como a história que o Joker conta sobre o tipo que tinha o sonho de dar a volta ao mundo de carro em apenas um dia.

    Quanto ao personagem que narra a história é uma necessidade. Aventurares-te pela mente do Joker pode dar barraca, mas o pior é mesmo o tirar o poder ao personagem pois ninguém faz ideia do que passa por aquela psique.

    Tributo ao Ledger não parece ser uam vez que Azzarello diz que o criaram antes do filme e sem saberem como era o do Ledger.
    Algo que acredito no que toca à personalidade do personagem mas não ao físico. Pois é claramente influenciado pela versão de Ledger.

    Abraço

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