A Marvel Comics, num acto de pura generosidade, decidiu dar liberdade a uns quantos criadores independentes e lançou uma antologia de pequenos contos em que figuram algumas das personagens mais carismáticas da editora. As estórias não têm qualquer respeito pela identidade dessas personagens, lembrando apenas a origem das mesmas e mantendo apenas algumas características básicas, já que os conceitos são reinventados ao máximo, o que chega a ser divertido. Ao que parece, tudo começou quando Peter Bagge planeou um one-shot com o nome "The Incorrigible Hulk" que talvez marcasse o início de outras colaborações com autores independentes. Mas essa criação apenas serviu como mote para criar esta antologia, acabando por ser cortada em três partes, ou seja, a Marvel lá aproveitou esta onda do alternativo para criar uma mini-série que certamente agradará a muita gente. Uma verdadeira máquina de fazer dinheiro!
Rapazes como Paul Pope ("Batman: Year 100") ou Jason ("I Killed Hitler") fazem parte deste elenco de talentos ora inovadores ora revivalistas, ou até simplesmente esquisitos. Sim, porque muitas das estórias contadas neste número são um verdadeiro hino ao diferente e simplista, muito contra aquilo que se produz frequentemente na Casa das Ideias. Aliás, esta aposta na cena alternativa deixa-me muitas dúvidas quanto aos objectivos actuais da Marvel e fico sem saber de onde é que veio mesmo esta aposta em criadores, na sua maioria, desconhecidos do público. Terá sido Joe Quesada numa tentativa de agradar não só a gregos como a troianos? Ou foi ali um departamento oculto que pensou que estava na hora de alargar horizontes? Ou eu muito me engano ou a Marvel está a querer criar uma nova linha de material exclusivamente dedicada a este nicho do mercado. Descobriram que as grandes produções se fazem independentemente, em selo próprio ou em editoras desconhecidas (descobriram o petróleo, foi o que foi!). Quer isto dizer que, se tudo for para a frente como estou a pensar, poderemos estar a assistir a uma aniquilação do mercado alternativo por parte das majors, ou pelo menos uma tentativa de (espero eu, mal sucedida). Que há espaço para tudo é uma verdade, mas também sabemos que as leis do mercado são bastantes rígidas e se as grandes companhias sabem que estão a perder dinheiro por algum lado ou não estão a ganhá-lo como deviam, das duas uma - ou copiam ideias com potencial de mercados mais limitados ou simplesmente se apoderam delas (vide a compra do Youtube pela Google e outras que tais).
A aposta em si não está totalmente ganha. A coisa em si tem piada, o objectivo por assim dizer está cumprido, mas a execução está longe de ser brilhante. Há coisas que soam mal de tão afastadas que querem ser do comum das produções da editora e acabam por dar buraco. Aliás, o desejo de ser diferente corrompe-se e vira-se contra o criador. Há autores que simplesmente nem se pode dizer que o sejam, de tão primário que é o seu desenho, tal como o conceito por detrás das suas estórias que não impressiona. E aqui ficamos num impasse - será que autores com tanta liberdade, com personagens já criadas ao seu dispor, sem quaisquer limitações criativas não conseguem criar uma estória que seja minimamente decente? É que há ali coisas que nem lembram ao diabo...
Por outro lado também temos coisas consistentes como a simplicidade de Paul Pope ao criar um conto virado para os Inumanos centrado no seu animal de estimação, Lockjaw ("...de todos os Inumanos ele é o mais inumano."). A arte está bastante boa. Nicholas Gurewitch, o mentor de "The Perry Bible Fellowship" também conseguiu criar um efeito sarcástico, mas hilariante numa página que podem ver neste post. Eu pelo menos fartei-me de rir com ela!
Strange Tales #1 prometia mais do que foi. Eu pelo menos acho que podia ter sido melhor conseguida, mas ainda assim não desiludiu por completo. Podem estar a abrir-se portas para uma nova linha na editora que, se for bem pensada, poderá ser bem sucedida.
Desculpa, mas a prancha do ursinho azul tá demais!
ResponderEliminarFartei-me de rir!!!!
Nova linha? Quem nos dera! Aposto em como foi a maneira da Marvel responder ao projecto Wednesday Comics da DC.
ResponderEliminarTinham a história do Hulk empatada há anos, aos trambolhões algures pelos escritórios da Marvel e não sei como, lá se lembraram de fazer esta ideia (muito boa por sinal, estou ansiosamente à espera dos comics).
Eles quando querem fazem umas experiências bem catitas com as personagens mas primeiro que saiam...
Tens o Fantastic Four: Unstable Molecules (James Sturn, Guy Davis, Craig Thompson), Megalomaniacal Spider-Man (Peter Bagge), alguns Spider-Man Unlimited (ou X-men), até ainda as participações do Seth Fisher na Marvel (FF/Iron Man: Big in Japan). Parece-me que a Marvel neste tipo de coisas está à frente da DC (se excluirmos as restantes editoras sob a alçada dela) porque apostam nestas experiências. Pena é serem projectos tão esporádicos e infelizmente só as vendas dirão se é para continuar ou não.
Uma pergunta, o "Hulk vs. Rain" do James Kochalka também foi editado neste #1? É uma pérola.
DC, a estória do Hulk que apareceu neste número desse autor foi Hulk vs. Esquadrão de Hulks :)
ResponderEliminarNão fazia ideia que o Fera era adepto do nudismo. :D
ResponderEliminarPura generosiade ? LOOOOOOOOOOOOOL
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