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Scarlet #1, de Brian M. Bendis e Alex Maleev |
Não me vou alongar muito sobre este
comic. É um número 1 e fazer já suposições profundas sobre este título pode ser precoce. Pode não, é mesmo. Antes de mais, convém fazermos um pequeno resumo desta nova criação do
Bendis e do seu grande amigo
Alex Maleev. Esta estória é centrada na personagem
Scarlet, uma rapariga cuja idade se desconhece que está lixada com o sistema. Isso mesmo, uma pessoa como todos nós. Quem é que não está tramado com o primeiro-ministro? Quem é que não detesta o sistema judicial do país ou quem é que não se sente injustiçado com a profanação moral a que somos submetidos todos os dias por aqueles que nos governam? Mas esta menina leva tudo a extremos. Logo na primeira página mata um polícia e faz piadas com isso. E depois começa a falar connosco. Sim, este livro usa a famosa, mas não muito utilizada,
quebra da 4ª parede. Com este mecanismo, a personagem não narra a estória a partir de pensamentos (como é mais comum na BD), mas sim a falar directamente com o leitor. Talvez uma empatia maior com o público seja o resultado, pois a vida de
Scarlet é um verdadeiro melodrama. Ao que parece, ela está convencida que o seu ex-namorado foi morto injustamente por um polícia, depois deste o acusar de ser um senhor da droga. A partir daí inicia-se um caminho de vinganças pessoais (sim o polícia que o matou é o mesmo que falei em cima). Cheira-me que a grande revelação no fim desta série é que o namorado era mesmo um viciado e Scarlet se apercebe que está a lutar por causas incoerentes. Mas é claro que isto não vai acontecer, ou vai?
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"But what's going on here requires your involvement and attention." |
O
Bendis continua a usar os seus recursos mais famosos: diálogos longos e com alguma substância, que ao contrário de outros anteriores vão mais directo ao assunto e não se prendem com muitas referências exteriores ao conceito da trama. Com tanto texto, dá-me sempre vontade de reler para ver o que perdi e é o que certamente farei, até porque a seguir debruço-me logo sobre número 2. Nota-se que este tipo de texto funciona melhor com estas personagens do que propriamente com os heróis da
Marvel, o que não quer dizer que eu não seja fã de
Ultimate Spider-Man. Eu pensava que o
Bendis tinha deixado de ser um tipo consciente da natureza humana, mas afinal parece que não se esqueceu daquilo que sabe fazer, uma estória pura e dura com umas cenas bem espessas para deixar a malta feliz. E isto é gratificante quando comparado com
Secret Invasion (isso sim, eu detestei). Dizem os entendidos que se voltou aos tempos de
Jinx (coisa que eu nunca li, sacrilégio!) e o que é facto é que esta abordagem mais realista ao nosso mundo, em
Scarlet #1, parece-me ter saído vencedora. A ideia está lá, agora só fico curioso com a forma como as coisas se vão desenrolar.
No que concerne à arte, fiquei muito desgostoso. A arte do
Maleev tem tantos momentos divertidos quanto penosos! Chegou a haver partes em que nem sequer percebia o que se estava a passar no raio da vinheta e isto é assumidamente mau. Ao que parece, o homem desenha por cima de fotografias o que consequentemente confere um ar estático à acção. É claro que se nota uma boa utilização da cor (como sempre), mas há uma lacuna grave na arte deste senhor. Eu é que não o conheço, se não dizia-lhe.
O desenho daquilo que julgo ser a capa é pelo menos muito sugestivo. E gosto também muito da amostra que colocaste, mas claro está que para uma análise mais detalhada, só tendo o livro nas mãos. Mas o que aqui está, não deixa de me suscitar alguma curiosidade.
ResponderEliminarDe facto, enquanto capa é bastante sugestivo pois o Maleev é mestre a fazer pin-ups. Mas o problema chega mesmo a ser esse, cada vinheta dele é um pin-up o que desgasta a sua arte e a torna, por assim dizer, "estática".
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